LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO |
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Conceito | |
O Lúpus Eritematoso Sistémico
(ou difuso) é uma doença que dá origem, na maior parte
dos casos, a manifestações reumáticas, mas que pode
atingir também a pele, os rins, o sistema nervoso, os pulmões,
o coração e os órgãos formadores de sangue.
Pode acompanhar-se de febre e de deterioração do estado geral. Em muitos casos a doença tem um curso benigno, por isso o diagnóstico de LES não deve acarretar sistematicamente a ideia de mau prognóstico. No entanto, em alguns casos, e sobretudo quando é atingido o rim ou o sistema nervoso central, é mais grave e pode mesmo ser fatal. O doente com LES deve saber que há certos factores que são susceptiveis de agravar a doença, e que, dentro do possível, deve evitar, tais como exposição ao sol, utilização de certos medicamentos, a gravidez e a administração de vacinas. O Lúpus Eritematoso Sistémico pode classificar-se como uma doença auto-imune. É considerada uma doença crónica, sistémica, do tecido conjuntivo, envolvendo o sistema imunitário do corpo.
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Quem está mais sujeito a sofrer de LES? | |
A doença é mais frequente
no sexo feminino, entre os 20 e os 40 anos, mas pode aparecer também
na criança e no velho.
As mulheres negras são ainda mais frequentemente atingidas que as brancas. |
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Como pode manifestar-se o LES? | |
Dado que a doença pode atingir
diversos órgãos ou aparelhos, a sua expressão clínica
é variável.
Em alguns casos manifesta-se por febre ou febrícula, falta de forças, emagrecimento e depressão. São sintomas banais que obrigam a um certo esforço diagnóstico para afastar variadas outras doenças que produzem os mesmo sintomas. Em outros casos, as manifestações predominam na pele e quando surge um eritema (manchas vermelhas) bem delimitado, na face e no dorso do nariz, o diagnóstico de LES é fácil. São frequentes também as queixas articulares com dores e/ou "inchaço" das articulações. Noutros casos a doença manifesta-se por derrame na pleura ou no pericárdio. Situações mais graves são aquelas em que é atingido o rim (com albumina e sangue na urina) ou o sistema nervoso (com convulsões, paralisias, quadros de agitação, etc...). Todos estes sintomas podem agrupar-se e há casos de LES que apresentam manifestações cutâneas, articulares, pulmonares, cardíacas e renais, por exemplo. Em outros casos é só um órgão ou um aparelho que está atingido, e então o diagnóstico pode ser mais difícil. No LES surgem alterações nos vasos sanguíneos e no tecido conjuntivo o qual suporta as células do corpo da mesma maneira que a argamaça une e suporta os tijolos duma casa. Por vezes há irritação da pele, como no Lúpus discóide, mas na maior parte das vezes, a pele tem um aspecto normal. |
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Como se confirma o diagnóstico de LES? |
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Como já foi dito, é muitas
vezes difícil fazer o diagnóstico seguro de LES só
pelo exame clínico.
Isto obriga a pedir várias análises ao laboratório, das quais as mais importantes são a pesquisa de células LE no sangue - células que fagocitaram (ingeriram) o núcleo de outra célula - e de anticorpos antinucleares, isto é, de proteínas no sangue que reagem com determinados constituintes do núcleo das células. Há ainda outros exames que, sem serem tão importantes, podem também apoiar o diagnóstico, como, por exemplo, um aumento muito grande da velocidade de sedimentação, uma diminuição de leucócitos ou de plaquetas, o achado na urina de sangue e/ou albumina. Em certos casos de LES, sobretudo quando há envolvimento do rim, o doseamento do complemento no soro sanguíneo revela frequentemente valores baixos, o que constitui uma importante pista para o diagnóstico. Pode ser necessária uma radiografia pulmonar para demonstrar a existência de derrame pleural ou um electrocardiograma (ou outros exames mais sofisticados) para confirmar o envolvimento do pericárdio. Em vários centros faz-se quase por rotina (ou pelo menos com relativa frequência) a biópsia do rim por intermédio de uma agulha, e este exame tem revelado que aquele órgão é atingido muito mais frequentemente do que parece pela clínica e pelos simples exames de sangue e urina. Como se pode ver, pois, todos os exames servem não apenas para confirmar o diagnóstico do LES, mas também para apreciar a sua difusão e a sua gravidade. O mesmo doente pode, em diferentes crises, ter queixas de intensidade variável, sem relação entre si. Um grande número de pessoas com LES têm poucos sintomas, podendo fazer uma vida relativamente normal. |
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O que pode agravar o LES? | |
Há vários factores que podem
agravar o LES e que o doente deve evitar.
Um deles diz respeito à exposição ao sol. Embora grande número de doentes reumáticos beneficiem com a exposiçãoo solar, o doente com LES vê frequentemente a sua doença agravar-se. Isto deve-se ao facto de que os raios ultravioletas do sol podem alterar o ácido desoxirribonucleico (ADN) que existe no núcleo das células da pele. A alteração desta substância leva o organismo a produzir anticorpos contra ela e estes anticorpos, ligando-se ao AND alterado, cria imunocomplexos que, depositando-se em vários locais, dá origem a lesões. Outro aspecto que tem de ser objecto de cuidados nos doentes com LES é a administração de medicamentos, pois alguns deles não só agravam a doença, mas podem mesmo criar uma doença muito semelhante e por isso designada por "lúpus-like" (parecida com o lúpus). Os medicamentos que têm sido mais incriminados são:
O LES só por si não contra-indica a gravidez desde que não haja lesões graves cardíacas ou renais. No entanto, a doente deve ser avisada de que há uma certa tendência para a exacerbação da doença no primeiro trimestre da gravidez e no puerpério e que também a frequência de aborto espontâneo está aumentada. Se a doente com LES pretende engravidar deve fazê-lo numa altura em que a doença se encontre numa fase de remissão e não em período de grande actividade. |
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Que riscos têm os filhos de uma doente com LES em contrair a doença? | |
O aparecimento de LES (ou de outra doença
aparentada) ou de manifestações clínicas isoladas
(por exemplo lúpus localizado apenas à pele), ou apenas de
alterações biológicas (anticorpos antinucleares, por
exemplo), sem manifestações clínicas, são mais
frequentes nos descendentes de lúpicos do que nos filhos de pais
que não têm aquela doença.
Esta maior frequência, no entanto, não é muito marcada e, na maior parte dos casos, os filhos de doentes com LES são perfeitamente normais. |
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Existe tratamento para o LES? | |
A maior parte dos casos podem ser controlados
com medicamentos, mas algumas formas mais graves podem evoluir desfavorávelmente
e levar mesmo o doente à morte, apesar da instituição
de todos os recursos terapêuticos.
Nas formas mais atenuadas podem bastar os anti-inflamatórios não esteróides (por examplo a aspirina), mas quando estas substâncias não controlam a evolução da doença ou quando existem certas manifestações viscerais, pode ter que se recorrer aos cortisónicos (por vezes em doses elevadas). Os antimaláricos (dos quais o mais utilizado é a hidroxicloroquina) são sobretudo activos nas manifestações cutâneas, mas vários autores utilizam-nos também como tratamento de "fundo" para tentar reduzir a actividade da doença. São medicamentos de acção lenta e têm de ser utilizados durante vários meses. Em casos de maior gravidade, pode ter que recorrer-se a tratamentos de excepção, utilizando, quer medicamentos de alto risco, quer técnicas de maior sofisticação. O Lúpus varia de ligeiro, a ameaçador de vida. Mesmo num caso ligeiro, pode tornar-se muito sério se não for devidamente tratado. Os resultados do tratamento são geralmente bons, graças aos medicamentos recentemente descobertos. A gravidade de cada caso de LES deve ser discutido com o médico. |
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O LÚPUS NÃO É INFECCIOSO, NEM CONTAGIOSO, NEM É UM TIPO DE CANCRO! |